Parece certo que o Modernismo Brasileiro - em sua vertente paulista - teve suas raízes entrelaçadas ao processo de formação da elite intelectual e política nascida, nas passagens do XIX ao XX, com o projeto de construção de uma hegemonia de alcance nacional para São Paulo. Nesse sentido, muito da rebeldia estética com que Oswald e seus companheiros de geração escandalizaram seus contemporâneos, durante os inquietos anos vinte, deveu seu impulso primeiro ao esforço oficial de revestir São Paulo da aura de norte cultural do país e do papel de marco de refundação da nacionalidade. Entretanto, a "coincidência" cultural e política não apagaria os pontos de tensão e as ambiguidades que se instalariam no interior de tal congenitalidade. Pelo contrário, parece ser este mesmo o fator do qual se desprenderiam tanto as forças poéticas que iriam compor com a ordem sócio-simbólica então vigente, quanto as que carregavam as virtualidades que, sorrateiras, desestabilizariam suas pretensões.